domingo, 22 de agosto de 2010

pare esse trem.


Pare esse trem, agora.

Não vê que eu quero sair?
Eu cresci dentro dele.
Desde que me conheço, ele tem sempre as mesmas dimensões, as mesmas cores. Tudo bem que já acumulei bagagens, mas acho que é a hora de parar.
Você não enjoa desse trem?
Ele está sempre na mesma velocidade, não consigo acompanhar mais.

Pare esse trem.
Porque eu quero fazer isso?
Eu não sei bem o que eu quero, pode trocar a rota?
Ir para um parque onde posso ficar a tarde inteira lendo, sem ninguém para perturbar.
Ou sei lá, ir à uma casinha pequena onde não há preocupações.
Nenhuma preocupação.
Já sei, troque a rumo para uma praia. Para uma montanha. Para a neve.
Honestamente, ninguém vai parar esse trem?
Não consigo pensar dentro dele, ele está me aprisionando.
Está me enlouquecendo.
Faz eu ver o mundo lá fora todo colorido.
Disseram-me que o mundo é preto e branco.

Pare o trem.
Ninguém me ouve, já ordenei a troca de viagem. Para onde?
Para um lugar onde há justiça, risos, tempo calmo. Onde não há discriminação nem humilhação. Onde se for para rir, que seja do passado e não do futuro. Dos meus sonhos, do meu futuro. Ei, não ria do meu futuro.

Pare esse trem.
Só estou pedindo um lugar com humanidade. Como assim não há lugar com humanidade? Eu tenho que criá-la dentro desse trem onde as coisas estão desorganizadas?
Pare esse trem, quero trocá-lo.
Eu sou a dona, posso fazer o que eu bem entender com ele. Posso pichar, furar, mas não posso vender? Quem você pensa que é para mandar no meu trem?

Pare esse trem.
Abra a janela, quero ver o que se passa lá fora. Quero sentir o vento. Quero olhar as cores que me prometeram.
Rápido, fecha! Como isso pôde acontecer lá fora? Os outros trens perderam o controle? Como podem se estragar assim?

Pare esse trem.
Ei, tirem esse maluco perto de mim! Como ele pôde entrar no meu trem?
Moço, pare de me incomodar!
Você está desorganizando minha mente tudo de novo. Acabei de tirar um louco e me vem mais outro? Não posso ter um pouco de paz? Já estou me acalmando ao pensar que esse maluco é só mais um que entrou no meu trem, não me deixa dormir e daqui há alguns meses já vai sair. Não, não consigo me acalmar assim. Quero que ele saia agora!

Não aguento essa velocidade, eu sei que não aguento.
Pensando melhor, não pare o trem.
Ele tem que continuar se movendo, para o bem de todos.Eu não posso entender porque ele não pode parar.
Eu tentei pará-lo, eu tentei entender.

Não venha me falar das curvas que eu já contornei, as que eu já formei. Cansei de continuar funcionando para um lugar que eu nem sei onde é.

Também não venha me falar de quantos trens eu já cruzei. Eu sei que eles passaram por mim deixando marcas, mas pode ter certeza que eu já deixei marcas neles também. Não conto quantos trens passam por mim. São só mais alguns de vários que irão passar.
Me leve para casa, pois esse trem parece-me uma prisão.

E só lá, pare esse trem.
E lá eu organizo o que tem para organizar. Eu coloco tudo nos eixos, já que é impossível fazer isso em movimento.



Acho que um dia você aprende que a pior prisão é seu próprio corpo, e que não importa para onde você quer ir, sempre haverá situações que o impedirão. Não importa quanto você peça para pararem com os problemas, eles o impedirão.
Nunca pare de lutar. Continue em movimento.
Nunca pare seu trem.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

insano.

(...)- Ah, isso é complexo - disse ela.
- O amor não é complexo, você sente e deu! - retrucou ele, novamente.
- Fala sério. Você, especialmente você, ama e desama, sem se importar quem está saindo machucado.Eu me importo com os outros, por mais difícil que possa parecer.
- Quem mandou ser querida com todo mundo?
- Eu não sou querida. Sou educada.
- Isso é mentira!
-Você é grossa com todo mundo, mas ao mesmo tempo, todos te acham querida, menos eu.
- É a lei da vida. Ou melhor, a lei dos loucos.
- E o que você sabe sobre loucura menina?
- Muito mais que você.Mas mais um surto daquela lá - apontou para um grupinho - eu fico louca de vez.
- E já não é?
- Não sou o que?
- Louca. Doida varrida.
- Você não é são para me julgar, mas devo confessar, muito normal, eu não sou não.
- Você não é, nunca foi, e nunca será normal Aline. Por isso é minha amiga.
- Hahaha, claro claro ****.

Loucura.
O Dicionário Wiki diz: A loucura ou insânia é segundo a psicologia uma condição da mente humana caracterizada por pensamentos considerados "anormais" pela sociedade.
Quanto mais eu penso sobre isso, mais eu posso ficar sã.
Ou mais louca ainda.
E entrando em mais questões de como o ser humano é complexo a outro ser humano.
Quanto mais conhecemos o mundo à nossa volta, menos conhecemos nós mesmo.

Estou em crise de existência.

domingo, 8 de agosto de 2010

(não) se defina.


Isso, é isso mesmo.
Não sei quem eu sou.
Quando paro de pensar, e paro para pensar, não sei responder essa pergunta.
Talvez eu me esquive demais dela.
Talvez eu tento provar todo dia que sou alguém.
Provar para quem?

Impressões digitais não me definem.
As impressões que deixo para alguém, assustam.

A primeira impressão não é o que importa.

Meu DNA não me define.
Nem meus gostos, por mais diferentes e estranhos que sejam.
Minha atitudes, idem.
Pois qualquer ser humano, que saiba ser humano, constantemente, MUDA.

O que somos, pode nunca mudar.
Quem somos, nunca para de mudar.

Por hora, sou chata. Reclamo de tudo. Mesmo.
Gosto de coisas fofas. Mas não digo o que é fofo para mim.
Posso ter antropofobia.
E tenho que perder peso.
Quem sou eu?
Não direi Aline C.
Nem estudante.

Sou: Inconstante. . .

nem em você.


Já me disseram que não devo esperar nada, de ninguém. Assim, o desapontamento é inócuo.
É impossível não esperar nada de ninguém. Por mais que desconhecido seja, você começa qualquer relacionamento com confiança.
Mário Quintana, certa vez, escreveu assim em um texto (Borboletas, se quiser procurar):
"As pessoas não estão neste mundo para satisfazer as nossas expectativas, assim como não estamos aqui, para satisfazer as dela."
Mas, desde pequenos, somos ensinados a gostar de todos, fazer o bem à todos. Não, importa. Quem se desvia disso, os "outros" falam.
E temos que confiar nos outros.
Esse é a parte que dói.

Confiança depois de quebrada, nunca volta ao seu estado inicial.
Certas pessoas, andam me desapontando.

Nunca confie 100% em alguém.
Nem em você mesmo.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

magia shakespeariana.

Após a leitura de Sonetos Shakespearianos, que ando fazendo pela internet, houve três que me chamaram a atenção. Soneto 47, 43 e o Soneto 8.
É claro que entre todos que ele já fez, existem mil outros, bons também.

Soneto 47

Entre olho e coração um pacto distinto,
Bem servir um ao outro deve agora.
Quando para ver-te o olho está faminto,
Ou a suspirar de amor o coração se afoga,
O olhar desfruta o retrato de meu amor,
E o coração ao banquete figurado
Convida. De outra vez, ao imaginado amor
O olhar a tomar parte é convidado.
Assim, por meu amor ou tua imagem,
És sempre presente ainda que distante,
Pois não podes do pensar ir mais além
Se estou com ele em ti a todo instante.
Se adormecem, tua imagem na minha visão
Desperta ao deleite vista e coração.

Soneto 43

Meus olhos vêem melhor se os vou fechando.
Viram coisas de dia e foi em vão,
mas quando durmo, em sonhos te fitando,
são escura luz que luz na escuridão.
Tu cuja sombra faz a sombra clara,
como em forma de sombras assombravas
ledo o claro dia em luz mais rara,
se em sombra a olhos sem visão brilhavas!
Que benção a meus olhos fora feita
vendo-te à viva luz do dia bem,
se a tua sombra em trevas imperfeita
a olhos sem visão no sono vem!
Vejo os dias quais noites não te vendo,
e as noites dias claros sonhos tendo.

Soneto 8

És musica e a música ouves triste?
Doçura atrai doçura e alegria:
porque amas o que a teu prazer resiste,
ou tens prazer só na melancolia?
se a concórdia dos sons bem afinados,
por casados, ofende o teu ouvido,
são-te branda censura, em ti calcados,
porque de ti deviam ter nascido.
Vê que uma corda a outra casa bem
e ambas se fazem mútuo ordenamento,
como marido e filho e feliz mãe
que, todos num, cantam de encantamento:
É canção sem palavras, vária e em
uníssono:”só não serás ninguém”.


Abraços, Aline.

domingo, 1 de agosto de 2010

prólogo.


Mesmo com uma esperança "quebrada", as pessoas conseguem sonhar.
Isso não significa que elas consigam agir como eram, nem falar o que querem.
Geralmente as pessoas que têm voz para falar, ou que sabem o que falar, não falam a verdade.
A verdade machuca.
Estou cansada de todos expondo seus problemas, sem o meu pedido.
Às vezes, eu penso que atraio loucos.
Não ponha suas crenças, esperanças, problemas e honra em oferta. Não jogue aos quatro ventos suas qualidades. O que nos define, são os nossos defeitos.

Privacidade é diferente que liberdade.
e sonhar em ser livre não é utopia.
Expressar-se é tanto faz bem, ou faz mal.
Enfrentar problemas pode fazer bem.
Frustrações têm os dois lados da moeda.

Enfim, nossa vida inteira tem dois lados da moeda, e isso é uma situação limite.
Mas ao mesmo tempo que não temos mais força para continuar, não podemos desistir.
Não podemos ter medo de continuar. E temos que continuar andando, fazendo o mesmo de sempre.
Parece que posso olhar o futuro, pois todo dia repito a mesma rotina.

Prazer, Aline C. Sou inconstante e não gosto de lentilhas.
Isso basta para me definir.

Abraços.


P.S.: O texto está desorientado, e era para ser assim. Estou desorientada. Com o tempo, encontro o horizonte, se isso for possível.
P.S.2: Não sei como começar as coisas, elas somente fluem. :Y